Morrer não é passar-se (para os crentes), finar-se (para os cépticos), mudar de endereço (para os utópicos). Também não é estar morto. Morrer é ter consciência da morte e vivê-la, pleno dessa consciência.
Para se ser eterno, é preciso ser louco e perder a consciência de si e dos seus bens, alguns minutos antes que a carapaça resolva deixar de viver.
Todos os homens tentam, ao longo da vida, aprender a morrer. Dir-se-ia que a vida inteira é devotada a essa aprendizagem. Mas isso é treta, meus amigos. Tudo o que os homens devem saber sobre a morte é que é uma espécie de nascimento ao contrário. Todos já passámos por essa prova ultimate – o nascimento, essa coisa absurdamente radical. E sofremos por isso? Sentimos isso? Preocupámo-nos com isso? Claro que não. Para todos nós, o acto radical de nascer foi fácil e inconsequente. Porquê? Por que não nos custou nada o acto violento de nascer? Simplesmente porque foi um acto inconsciente.
A Morte, para ser porreiraça como foi o Nascimento, só pode ocorrer num momento de alienação total. Para que não doa, não se sinta, não exista…
Que a minha seja assim…
(Imagem daqui)
1 comentário:
E o sofrimento até se chegar a essa alienação final? E o sofrimento de um bebé ao nascer? Não guardará a memória, só isso.
Carpe diem!
Estou a ler Todo-o-Mundo de Philip Roth.Vale sempre a pena e este livro é sobre esta temática-
Abraço
Odete
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