O MOLICEIRO DO MEU TIO
Quando eu fiz dez anos, fui passar um dia com o meu tio Lério Mesquita no seu moliceiro. Levámos batatas, tomates, pimentos e um fio de azeite para o almoço a bordo.
Chegados lá, e depois de ter visitado a casota triangular da proa onde o meu tio tinha a sua tarimba fedorenta, saltámos para a margem com um cesto de vime e, ao calcão, pescámos umas quantas enguias bem gordas.
Hora do almoço. O meu tio amanhou o peixe com a sua navalha multiusos, encheu uma lata velha com água da ria e meteu lá dentro um punhado de sal, as enguias e as tretas da horta que tínhamos trazido.
Acendeu-se o fogareiro de petróleo, à sombra da vela.
Comemos deliciados, observando, à popa, os enormes ancinhos que se iam enchendo de um moliço fino, qual couve destinada a caldo-verde.
A história termina aqui. Se desejar ler também o parêntesis, fica ao seu critério. Declino qualquer responsabilidade.
(A minha caganeira só sobreveio no dia seguinte. Para surpresa minha, a dele nunca chegou…)
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