27 de fevereiro de 2013

Os blogues duram sete anos…

A Ex-Arma de Observação Maciça do Dragão… como as pragas do Egipto e os namoros de Jacob. Em média, ao fim dos sete anos, que é também o tempo da segunda crise dos casais, começam a definhar e acabam como plantas secas. Vi isso vários vezes. Oitenta por cento dos casos podem ser facilmente comprovados, atentando nos respetivos arquivos. Refiro-me, obviamente, aos blogs que foram ou são minimamente representativos, que se apresentaram como projeto mais ou menos consistente, e não aos blogues das crianças, feitos sob a inconsciência do ímpeto e logo esquecidos como brinquedos que passaram de moda.

Também neste blogue é notória a debilitação progressiva. O seu autor mexe os cordelinhos para lhe conservar o resto de vida que ainda ostenta, mas ele parece irremediavelmente acometido da doença do século – a solidão. O Trala fez sete anos em Novembro passado  (se fosse um cachorro teria uns 60 anos) e hoje está notoriamente anorético, com falta de luminescência que é o ar dos blogues.

Tudo isto vem a propósito de termos definitivamente perdido o Dragoscópio, o melhor de sempre, o pai de todos, o demiúrgico Dracospópio, que se finou em Dezembro e que, por honrosa excepção, talvez por ser único, durou nove e não sete anos. Morreu como viveu sempre, alçado na melhor literatura que este país leu na blogosfera. E morreu assim:

“O tempo de escrever para o boneco e falar para as paredes está a chegar ao fim. Outro tempo, um tempo mais antigo e demiúrgico prevalece: o tempo de voltar a escrever para o baú. Gastei nove anos da minha vida a falar aos presentes. Não me poderão acusar nunca de não ter pago tributo. De não ter descido à polis. Resta-me agora sacudir o pó das sandálias e, se voz alguma tenho ou pena me resta, ir falar aos vindouros. Eu e, mais do que eu, os antepassados que em mim reverberam.

"Esperos", no grego, significa isso mesmo: entardecer, poente, oeste. E, todavia, é nesse entardecer, nesse findar da luz que nasce a esperança - a espera pela manhã de um novo dia. Por isso se diz (digo-o eu, pelo menos) que a esperança, na etimologia tanto quanto na vida, é filha do crepúsculo. É assim, é cíclico, eterno. imune e inexorável. Desde o princípio dos tempos...  Se é que no Tempo o princípio e o fim se destrinçam.”

Também espero que o dragão regresse, numa apoteose de laurífica ostentação.

      Post 878        (Imagem do Dragoscópio)

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