4 de janeiro de 2008

Pois, é o Decreto-Lei n.º 299/2007

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.
Assim, para redenominar as escolas públicas o Ministério entendeu encarregar da escolha as assembleias de escola, dando entretanto a indicação aos órgãos directivos de que devem ser evitadas alusões religiosas, como nomes de santos ou santas.


Epígrafe: Se deixar de haver santos, a quem recorreremos para combater os faits-divers dos “inventores” do sistema educativo?

Mal acordei de umas curtas férias, maldizendo esse mesmo facto (o de serem curtas), e já o Ministério da Educação (instituição sem férias nem descanso, instituição que não dorme nem relaxa) vinha anunciar mais uma medida de grande fundo. Desta vez, tratava-se de renomear (rebaptizar – prefiro esta palavra pois me remete para a santidade) as escolas secundárias e básicas que, inacreditavelmente, ainda possuem, nas suas designações oficiais, nomes de santos ou de santas.
Numa brevíssima pesquisa, reparei que o grosso das escolas com aquelas denominações é substancialmente composto por escolas privadas, o que, em meu entender, deve explicar cabalmente o seu sucesso educativo e a sua alta classificação nos rankings nacionais.
Há, iniludivelmente, uma relação de causa e efeito entre os nomes dos santos patronos dos colégios privados e o sucesso escolar. Venho, pois, humildemente, pedir a sua Ex.ª a Senhora Ministra da Educação se digne ordenar não só que se mantenha os nomes de santos e de santas nas escolas secundárias que já os possuem, mas ainda que zele superiormente para que todas as restantes tenham, pelo menos, um santo nos seus nomes. Há santos a dar com um pau que chegarão para todas e, se não chegarem, dar-lhes-emos nomes de papas e bispos e outros grandes dignitários da Igreja e mesmo de excelsos governantes (como, por exemplo, os Doutores Salazar e Sócrates que, em última análise, muito se aproximam da canonização).
Mas esqueçam esse decreto e chamem nomes de santinhos às escolas, por amor de Deus.
Em nome do sucesso e do ranking oficial.

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem sabe não está aí a resposta para todos os males no sistema educativo. Apreciei muito o post, aliás aprecio o blogue que encontrei por acaso a partir de um comentário em Cinco Dias. Escreve-se aqui muito bem. Eu tb sou professor e não devo andar muito longe da sua idade, a fazer fé num post que aqui li há uns tempos. Partilho tb a maior parte das opiiões aqui expressas. E mesmo quando discordo, sempre aprecio a forma cuidada e por vezes irónica como se apresentam todos os textos. É um bom blogue de opinião e não um blogue noticioso, como muitos que por aí há. Parabéns.
Alberto Neves Oliveira

joao de miranda m. disse...

Muito obrigado, Alberto.