O Gérson do 9º ano tirou outra positiva. Desta vez a Ciências.
- “Yesssss! Mais cinco euros”
- “Mas porquê isso, Gérson?”
- “A minha avó dá-me cinco euros por cada positiva que eu tirar.”
- “Mas então porque tiras tão poucas? “
- “É que os professores também não ajudam muito… O Setor ganha bem?”
- “Nem por isso, Gerson. A minha avó já morreu e…”
- “Quer ganhar uns trocados? O negócio é o seguinte. Por cada positiva que os profes me derem, ganham 40 por cento dos cinco euros que a minha avó desempochar. Eu fico com os outros 60 por cento.”
- “Negócio fechado” - disse o professor – e foi, no intervalo, contar aos colegas, que riram do desplante do Gerson e esqueceram o incidente.
Acontece, porém, que o Gérson arrancou, na segunda ronda de testes, mais positivas do que na primeira. Na verdade, quase quadruplicou o seu sucesso académico, tendo feito outro tanto com o seu sucesso económico, evidentemente. Como prometido, e acossado pelo seu impoluto sentido de justiça e hombridade (e também por causa da nota em atitudes e valores), o Gérson apresentou-se ontem mesmo a todos os professores que lhe tinham dado positiva. Trouxe a cada um deles uma redondíssima moeda de dois euros, que lhes fez rodopiar sobre a secretária. Para seu espanto, nenhum professor aceitou o pagamento contratado, facto que o Gérson atribuiu à total taralhoquice dos profes, certamente provocada pelo barulho nos corredores, pelos cortes salariais ou pela tal burocracia de que tanto se queixavam sempre...
O sentido de justiça e hombridade do Gérson foi momentaneamente escoriado mas logo se recompôs. Os golpes morais, nestas idades, apagam-se com alguma facilidade…
Em casa do Gérson, uma avó preocupada:
- “Oh, Gerson, vê lá não andes a estudar demais, filho. Isso pode fazer-te mal. Vá, deixa o computador e vai espairecer um pouco com os teus amigos…”
Post 868 (Imagem daqui)
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